O Caminho do Erro e Evolução em Fullmetal Alchemist

“A fim de ganhar algo, deve-se sacrificar outro de valor equivalente. Essa é a lei da Alquimia”, lei essa que principia as regras da alquimia deste universo: o princípio da troca equivalente. Fullmetal narra a história de dois irmãos que cometeram o maior tabu da alquimia: a alquimia humana. Na tentativa de reviver a mãe, Edward Elric, o protagonista, perde uma perna, enquanto seu irmão mais novo, Alphonse, perde o corpo por completo. Desesperado ao perder tudo que tinha, Edward sacrifica um de seus braços para selar a alma do irmão em uma armadura de metal. É nesse momento que eles entendem seu primeiro – e talvez maior – erro: não há preço que pague o valor de uma vida.

Determinados a recuperar seus corpos, Edward, especialista em transmutação de metal e com próteses metálicas no braço e perna, se torna um alquimista do Estado, um “cão do exército” do regime militar, ganhando a alcunha que dá título à obra. Em busca da pedra filosofal, os dois partem em uma aventura repleta de perigos, com a marca de seu pecado em seus corpos – ou na falta deles.

Fonte: https://gifer.com/pt/1kcX

O enredo frequentemente flerta com a religiosidade, uma vez que os protagonistas, ateus como a maioria dos alquimistas, insistem em cruzar o caminho com pessoas de fé. Logo nos primeiros episódios, os irmãos enfrentam um falso sacerdote que manipulava toda uma cidade sob o pretexto de realizar milagres divinos. Atraídos pelo uso de uma suposta pedra filosofal, eles derrotam o sacerdote, mas ainda precisam lidar com os fanáticos que acreditavam nas suas mentiras. Uma das civis, que esperava ter o irmão ressuscitado pela igreja, tem seus alicerces destruídos ao descobrir a verdade por meio dos irmãos Elric. Em prantos, ela questiona aos heróis o que deveria fazer a partir de agora. Naquele momento, Edward, com próteses de metal substituindo os membros que perdeu, responde:

“Levante a cabeça e prossiga com sua vida. Você tem suas próprias pernas para poder andar, então use-as.

Apesar de parecer um pouco frio quando lido de forma crua, a mensagem implícita é clara: sempre há uma escolha. Sendo humanos, estamos sujeitos a falhas, somos imperfeitos e incapazes de ter tudo o que queremos. No entanto, também possuímos autossuficiência e resiliência para recomeçar. Independentemente de quantas vezes caiamos, temos nossas próprias pernas para nos reerguer.

A busca pela perfeição também é um tema discutido em Fullmetal Alchemist, explorando a evolução perversa e a busca por poder – novamente resvalando no conceito de um “deus”. A trama explora as consequências de tentar superar os limites da natureza humana. Os personagens enfrentam profundos dilemas sobre até onde devem ir para alcançar seus objetivos, revelando a complexidade das intenções humanas.

“Não há tal coisa como a perfeição. Este mundo não é perfeito e, por isso, ele é lindo.”

ELRIC, Edward.
Fonte: https://infinitasvidas.wordpress.com/2019/04/03/review-fullmetal-alchemist-brotherhood/

Fullmetal Alchemist: Brotherhood possui 64 episódios e retornou ao catálogo da Netflix no final de 2024, também se encontra disponível na Crunchyroll, infelizmente em ambos os lugares sem a icônica dublagem que o torna mais engraçado. Este é o momento perfeito para embarcar nessa jornada inesquecível. Com uma narrativa rica e complexa, que mistura ação, filosofia e lições de vida, a série não é apenas sobre alquimia ou batalhas épicas, mas também sobre autoconhecimento, sacrifícios e os limites do que estamos dispostos a fazer por nossos ideais.

Marcos
Marcos
Marcos

Graduando no curso Bacharel em Biblioteconomia da Universidade Federal do Maranhão.

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