
Fonte: imagem gerada com auxilio do Chatgpt.
Cada ser humano tem o seu limite individual, aquilo que cada um pode aguentar e suportar, dentro da sua faixa etária, etnia, posição social, dentro daquilo que ele considera o seu natural. Porém, a algo que é igual a todos, um limite que todos possuem, independente do que pensam ou acham, estou a falar do o esgotamento mental.
Sem duvidas esse é um limite que muitas vezes não respeitamos, e sempre achamos que podemos o ultrapassar. Que aguentamos um pouco mais e podemos ir além.
Com isso nos tornamos pessoas mal humoradas, cansadas, esgotadas, irritadas e com um desejo constante de mostrar que o que o que estamos passando é maior do que o de qualquer outra pessoa.
Mas com qual proposito? Porque essa necessidade constante de querer ir além do que o seu próprio corpo já esta aos berros para alertar que ele não aguenta mais? Porque passamos a acreditar que o que os outros esperam de nós é o mais importante do que nós realmente queremos? Porque esse desejo constante de almejar o inalcançável? De desejar a perfeição?
E quantas vezes mais teremos gerações cansadas e em busca de ser superior a outra? Tentando ensinar que isso é normal.
É normal não ter tempo para nada, essa é a vida adulta, não se pode ter tempo para sorri, sair com os amigos, se divertir, viajar, não poder parar nem para dormir ou comer de maneira saudável. Essa é a vida adulta, onde quem sempre tem uma agenda lotada e cheia de coisa pra fazer é visto como superior a aquele que tem no mínimo dois compromissos em um dia.
É claro que isso se tornou normal, se precisa de mais coisas que o necessário para se viver, e só a alcançamos com dinheiro, que vem com o trabalho, e para se tiver um trabalho bom e que tenha um retorno alto é preciso de estudos e mais e mais conhecimento. Mas como estudar se é preciso do dinheiro para se sustentar?
E se esta de volta para o ciclo sem fim, para a roda gigante de querer sempre esta no topo e se esquecer de que foi necessário estar embaixo para chegar em cima.
E fora dessa roda, desse ciclo de esgotamentos, temos as nossas crianças, a nova geração que aos poucos vamos exigindo que elas se enquadrem em nossa normalidade. As colocamos em cursos e mais cursos, em aulas de inglês, natação, esportes, aula de piano, violão… Em tudo que for preciso para que elas sejam melhores do que as outras, o destaque da turma que elas – às vezes – nem conhecem ainda.
Qual a necessidade disso? Qual o propósito de sempre querermos a perfeição?
A cabeça começa a doer, o corpo começa a clamar por um pouco de paz, os olhos a procurar por algo real, que não esteja dentro de uma tela. As mãos tremem em busca de outro contato, os pés batem freneticamente ao chão, como se quisessem marchar para longe dali, ou somente para correr e se livrar da sensação de estar preso. A mente começa a gritar para, simplesmente, descansar.
Mas nós a forçamos para trabalhar um pouco mais. Por mais meia hora, por mais duas, três, cinco horas… e quando notamos, já temos que correr para o dia seguinte e voltar a rotina naturalizada de mais e mais serviço.
Como achar normal uma sociedade que não percebe que esta esgotada?
“Eu dou conta, eu consigo, só mais um pouco” – digo a mim mesma na intenção de chegar ao fim disso. Aliás, eu também sou uma ser humana que ultrapassa o limite.
- A roda gigante do esgotamento mental. - 24/05/2025
O artigo aborda um tema urgente: a romantização do esgotamento mental como “normalidade”. Vivemos em uma sociedade que confunde produtividade com valor humano, e o texto expõe isso de forma crua, especialmente ao questionar por que impomos essa lógica até às crianças. Precisamos refletir: até que ponto essa busca por perfeição nos afasta de uma vida com sentido? Parabéns pela reflexão! Adorei.
Como estudante de licenciatura em História, vejo esse texto como um retrato cruel da modernidade. A gente estuda Foucault e Adorno pra entender como o poder molda corpos e mentes, mas vive preso no mesmo ciclo de exaustão que criticamos. Concordo 100% quando o artigo fala da pressão que já colocam nas crianças. É a mesma lógica do século XIX: formar “bons trabalhadores”, não cidadãos plenos.
E o pior? A gente reproduz isso na faculdade: virar noites estudando, aceitar estágio, que no meu caso, nem é remunerado, normalizar a loucura, a produtividade acima de tudo. Precisamos de menos Marx na prateleira e mais revolução na rotina. Excelente reflexão!