Livros sempre foram — e provavelmente sempre serão — umas das principais fontes e estimulantes da imaginação. Desde a primeira adaptação cinematográfica de uma obra, Trilby e o Pequeno Billee (1896), os livros têm sido cada vez mais utilizados como base para filmes e séries no streaming e no cinema. Sejam em adaptações fiéis ou reinterpretações, as histórias literárias estão se tornando verdadeiras características culturais quando transportadas para as telas.
Algumas das maiores franquias de filmes e séries se originaram das páginas de um livro. Harry Potter, Senhor dos Anéis, Jogos Vorazes são ótimos exemplos de narrativas literárias que conquistaram grande público.
Narrativas, como uma jovem lutando pela sobrevivência e liberdade em uma sociedade distópica que transforma uma opressão em espetáculo ou um jovem bruxo que descobre seu destino enquanto enfrenta o poder das trevas em um mundo mágico, oferecem aos roteiristas e diretores uma base pronta para engajar o público.
Além disso, o apelo de histórias populares no formato audiovisual não atrai apenas os fãs originais, mas também apresenta novos públicos ao mundo literário, incentivando o leitor a buscar por mais um pouco daquele enredo.
Da mesma maneira, a chegada do streaming trouxe novos formatos de adaptações literárias: séries e minisséries. Histórias como The Witcher ou The Dark Materials mostram como um formato mais longo permite explorar os detalhes e complexidades dos livros originais, proporcionando uma experiência mais rica aos espectadores.
Graças às redes sociais, os fãs podem discutir, criar teorias e debater as escolhas narrativas feitas pelos roteiristas. Essa interação ajuda a aumentar o engajamento da obra, tornando-a mais do que uma simples experiência de leitura ou visualização: ela vira um evento cultural.
Embora esse formato enfrente um desafio contemporâneo muito recorrente: o impacto do “pensamento rápido”, resultado do consumo acelerado de conteúdos nas redes sociais. Muitos espectadores têm dificuldade de sustentar uma atenção contínua devido aos estímulos constantes de vídeos curtos, por isso grande parte das adaptações podem recorrer a mudanças de estruturas como cortes rápidos ou até mesmo simplificação de personagens.
Um exemplo dessa abordagem é “Shadow and Bone” — baseado nos livros de Leigh Bardugo —, que acelera eventos e funde elementos de diferentes histórias para cativar um público com menor paciência para narrativas extensas.
Apesar disso, o formato seriado oferece flexibilidade, o que permite pausas naturais entre episódios e dá espaço ao espectador para assimilar a história no seu ritmo. Essa dinâmica pode até ser uma porta de entrada para reconectar as pessoas com narrativas mais profundas e reflexivas.
Ainda sim, nem todas as adaptações têm um desenvolvimento “fiel”. O desafio é equilibrar o texto original com a necessidade de adaptar a história para o ritmo e os visuais de uma nova mídia. Além disso, os roteiristas precisam considerar o público-alvo: será que a adaptação deverá falar com os leitores fiéis ou atrair um público completamente novo?
“The Mist” de Stephen King e “Shadowhunters” de Cassandra Clare são exemplos de séries adaptadas de livros que não foram bem recebidos pelo público, seja pela total falta de fidelidade com a trama original ou pela simplificação de uma história que poderia ser muito mais explorada.
Enquanto histórias como “O conto da Aia” de Margaret Atwood e “Outlander” de Diana Gabaldon podem ser bons exemplos de boa adaptação, já conseguem equilibrar bem a fidelidade ao material original, mesmo que tenham algumas mudanças aqui e ali.
O crescimento das adaptações literárias no cinema e no streaming destaca como histórias poderosas transcendem as mídias. Elas mostram que os gêneros literários não apenas refletem nosso tempo, mas também moldam a maneira como consumimos cultura.
Mais do que nunca, livros e telas trabalham juntos para criar narrativas memoráveis que vão além do entretenimento, trazendo críticas sociais, ensinamentos e reflexões sobre a vida. Personagens inspiram nossas ações, narrativas nos guiam em momentos de incerteza, e histórias têm o poder de nos curar de maneiras que subestimamos. As adaptações de livros para a televisão não apenas ampliam o alcance dessas obras, mas também reafirmam a importância da literatura como uma fonte de conexão para o ser humano.
- A Ascensão dos Gêneros Literários na TV - 19/12/2024
Uma visão muito boa e real em relação a esse novo alcance, tenho bastante apreensão quanto a adaptações desde anos atras com o filme do Percy Jackson, mesmo que tenha sido só através dele que conheci os livros. Creio que esta na hora de deixar meu preconceito de lado, com muita vontade de assistir as recomendações!
Percy Jackson é um exemplo de um filme até divertido, mas como adaptação deixa muito a desejar 😅 mas é bom tentar ver como uma nova visão, até porque adaptações algumas vezes conseguem até expandir o sentido de algumas questões do livro!
Obrigada por ler 🩷