Como Radiohead mudou a indústria da música?

Em 10 outubro de 2007, A banda britânica liderada por Tom Yorke lança de surpresa o álbum ‘In Rainbows’ de forma independente logo que desfez seu contrato com a gravadora EMI, o primeiro lançamento em 4 anos de pausa.

Acontece que esse lançamento desavisado de In Rainbows acarretou em mudanças nos streamings que nos dias de hoje podemos até não saber, mas teve influência direta da banda britânica, e para entender como funcionou isso precisamos voltar nos dispositivos de reprodução de música, o MP3 e também como se dava a disseminação e consumo de músicas.

Em 1999, Sean Parker, cofundador do Facebook e empreendedor, teve a ideia de criar a Napster, uma plataforma que disponibilizasse gratuitamente o download e compartilhamento de músicas através de aparelhos MP3, o que imediatamente trouxe indignação e problemas legais. Acontece que, gravadoras e principalmente os próprios artistas, ficaram frustrados com essa ferramenta não só pela questão de direitos autorais, mas também por afetar diretamente o ganho financeiro por essas músicas, que eram originalmente vendidas majoritariamente por CDs. Quem se propôs a encabeçar o processo legal contra a Napster e diretamente contra Sean, foi Lars Ulrich, baterista do Metallica, que manteve a narrativa forte durante toda a década de 2000; Sites que possibilitavam o download e reprodução gratuita de qualquer música.

Quando essa discussão se mantinha fervorosa, o Radiohead entra em cena com o lançamento surpresa de In Rainbows, – o que muitos acreditam ter sido o primeiro lançamento surpresa de um álbum, que inspirou artistas como Beyoncé e Taylor Swift a lançarem os seus próprios de surpresa anos depois – com o guitarrista da banda, John Greenwood postando no Blog da banda um aviso que o álbum estava pronto e em seguida disponibilizando um site com todas as músicas para reprodução e download gratuitos e um incentivo para fãs pagarem qualquer quantia que quisessem. – até mesmo nada – A versão física do álbum só foi lançada em janeiro de 2008. O que a banda só pôde realizar por estar de forma independente e livre da gravadora com quem trabalhava, também levando em consideração que a banda vinha de três álbuns clássicos, tendo músicas como Creep, Exit Music (For A Film) e No surprises

Isso por si só gerou muita intriga no universo da música, dividindo-se em elogios, como New York Times escreveu: “Para dificuldades da indústria fonográfica, o Radiohead pôs em prática o experimento mais audacioso em anos.” e também desaprovação, como a Revista fortune lista: “101 Momentos Mais Idiotas nos Negócios”. (Um trecho: “Mal posso esperar pelo próximo álbum, ‘In Debt’.”) In debt sendo um trocadilho para o nome do álbum, traduzindo para algo como “Em dívidas”

Mas afinal, como o álbum realmente foi recebido pelo público?

Radiohead reivindicou o primeiro lugar do Top 200 das paradas da Billboard e 122,323 cópias vendidas até janeiro de 2008. Uma semana inteira no primeiro lugar e mais dez semanas no terceiro lugar.

Em conclusão, esse ato revolucionou a música para sempre, já que hoje é muito mais simples visitar músicas de forma gratuita, mesmo que enfrentando propagandas publicitárias, por plataformas como Spotify e Youtube. Radiohead ter se oposto em uma época de banalização da distribuição fonográfica para todos foi algo inédito e que dividiu opiniões mas que não gera dúvidas: In Rainbows é um dos álbuns mais clássicos dos anos 2007 e que pessoalmente falando, é meu favorito.

Recomendação

In Rainbows From The Basement (April 2008) no Youtube.

yasmim.serra
yasmim.serra
Artigos: 1

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *