Relação Google – Usuário, e a preocupação com a googleização de tudo.

imagem de olhos com logo do Google nas íris.
imagem: geralt / Pixabay.

   

  São evidentes as transformações no modo de vida das pessoas ao redor do mundo, no momento pelo qual passamos. É claro, isso inclui a nós, maranhenses, brasileiros. Todos sentimos na pele os sinais do chamado ‘novo normal’ termo frequentemente usado pela mídia e outras organizações, para designar tais adaptações decorrentes do isolamento social, por causa da pandemia, neste ano de 2020. Dentre estas adaptações, o assunto deste post está relacionado a uma mudança de hábitos significativa: o aumento do uso das Tecnologias de Comunicação e dos dispositivos eletrônicos, como celulares e computadores, em conexão com a Internet e, mais especificamente, o uso do Google. Empresas que oferecem serviços de e-mail, e-comerce (lojas virtuais), EAD, e muitos outros, ganharam espaço na web em decorrência da crescente procura. Nessa perspectiva, percebemos claramente a presença do Google, na maioria dos processos online. Até quando, sequer percebemos, nas páginas que acessamos, ele está lá, presente em em algum processo, ou através de alguma de suas ferramentas.

Uma indicação de leitura.

     Para a maioria das pessoas, a navegação na internet começa pelo Google, através da sua ferramenta primordial – o bom e velho  buscador, geralmente, já integrado navegador utilizado para acessá-lo. Mas afinal, você deve estar se perguntando, qual a nossa intenção com estas colocações. É simples, apenas queremos fomentar a seguinte questão: uma relação que chega a ser “íntima”, entre usuário/empresa (neste caso, o Google) pode ser preocupante? – E para pensarmos a respeito, iremos comentar um pouco sobre o livro ‘A Googleização de tudo’ (publicado em 2011, pela editora Cultrix), no qual o autor, Siva Vaidhyanathan, faz uma importante abordagem histórica e social sobre do tema. O livro nos ajuda a compreender um pouco do tal processo de “googleização”, e também a ter uma nova perspectiva sobre o contexto atual da Internet.

Capa do livro a googleização de tudo, de Siva Vaidhyanathan
Capa do livro. Fonte: E-gov.


“Apenas uma conta. Tudo o que o Google oferece”.
     Com esta frase, somos convidados a abrir uma conta na página inicial do Google, antes de aceitarmos (muitas vezes, sem uma leitura cuidadosa) os termos de compromisso. Podemos interpretar o slogan como: “numa conta, você tem todos os serviços e possibilidades que o G. te oferece”. E todas estas estas possibilidades devem aproveitadas com sabedoria. Afinal,através da experiência com o Google, as pessoas podem facilmente ter a impressão de que suas ferramentas são indispensáveis para a navegação online. Porém, é importante levar em consideração, de que formas nós, como usuários, contribuímos com a ampliação e crescimento da empresa na Word Wide Web. E não é preciso ir muito longe para descobrir que ela praticamente dominou um lugar privilegiado na Web.

     Esse poder de “dominação” da web, o que é tratado em ‘A googleização de tudo’ como sendo a raiz de toda a problematização, ocorreu (como ainda ocorre) de forma imprevisível e rápida, sem que houvesse uma constituição política sólida, pautada em pressupostos históricos e culturais, que pudesse determinar quem deveria ocupar um espaço de liderança na Web. Ou seja: O Google, basicamente ocupou um espaço vulnerável na rede, e os usuários rapidamente aderiram a esta expansão, conferindo à empresa um notável poder.

     Vaidhyanathan nos alerta que, na utilização de serviços como Youtube, Gmail, Google Books, e demais, está implícita uma “transação não monetária” entre a empresa e seus usuários, e ainda vai além, ao declarar que o usuário se transforma no principal produto do Google. Afirmação forte, sim. Mas vamos com calma. Isto não é motivo para nos desesperarmos, ainda! Como sugere o subtítulo do livro, por enquanto, devemos nos preocupar com “a ameaça do controle total da informação”, em outros termos, googleização do conhecimento, ponderando as questões apresentadas pelo autor.

A Googleização de nós mesmos.

     Ao utilizalmos o Google, fornecemos dados importantes, não apenas sobre aquilo que publicamos (pois ele indexa automaticamente as novas páginas geradas ao seu sistema de busca), mas também sobre as nossas preferências, localização, compras, etc. O objetivo do autor, neste livro, é levar o leitor de uma “fé cega” no Google para uma “percepção equilibrada” das mudanças com as quais nós mesmos temos contribuído, e enfatiza o processo de coleta, cópia e classificação de informações sobre nossas preferências e conteúdos produzidos como a principal forma de ganhar dinheiro do Google, e como parte da googleização de nós mesmos.

…e do conhecimento.

     Os impactos do Google atingem também a educação, uma vez que pesquisadores e estudantes o utilizam amplamente na busca e produção de conhecimento. E aqui, vale ressaltar que os resultados de pesquisas são dispostos não só com base na relevância, mas também nos ‘hábitos de busca’ dos usuários, o que pode excluir informações inesperadas e agregadoras. O audacioso projeto do Google Books, que iniciou em 2004 com a digitalização de milhares de livros, atraiu elogios e críticas, principalmente acerca dos conflitos com os direitos autorais, algumas vezes ignorados pela empresa.

Outra observação, diz respeito aos serviços oferecidos às universidades, “atraentes demais para passarem em branco”, e para o autor, é preciso que haja cautela por parte das instituições. O último capítulo do livro traz a proposta de um ecossistema da informação mais justo, com um sistema aberto, público e global, onde o Google seja um dos coadjuvantes (e não o ator principal) na dinâmica de organização e distribuição do conhecimento, juntamente com outros sistemas, incluindo as bibliotecas físicas, na construção do que é chamado de Projeto do Conhecimento Humano.

Este é, realmente, um tema bem vasto, sendo assim, deixamos este texto como indicação de leitura, que podemos chamar de resenha. Desde a data da publicação do livro até hoje, muitas águas se passaram, processos que influenciaram o cenário da Web (o que não exclui a relevância do livro, antes, reforça a necessidade de levar adiante tais reflexões). Podemos citar dois exemplos, aqui no Brasil: o Marco Civil da Internet (Lei N° 12.965, de 2014), e a mais recente Lei Geral de Proteção de Dados (Lei N° 13.709, de 2018), em vigor a partir deste ano, que tem como objetivo garantir mais segurança e transparência às informações pessoais coletadas por empresas públicas ou privadas, o que inclui e e impõe mudanças nas políticas de privacidade das grandes empresas da Internet, como o Facebook, WhatsApp e o próprio Google.

    
     Agora, queremos saber de você o que achou da nossa indicação.
Já teve algum contato com o livro ou outra fonte sobre o mesmo assunto? Se quiser opinar ou compartilhar algo a mais, sinta-se à vontade para fazer isso nos comentários!

Outros Links.

Sobre o autor Siva Vaidhyanathan:
Wikipedia (em inglês)

Livro à venda/disponível em:
Amazon / Estante Virtual / Scribd.

messiaspaixao
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