No Gingar do Tambor de Crioula do Maranhão

O Tambor de Crioula do Maranhão é uma forma de expressão de matriz afro-brasileira, considerado como uma referência de identidade e de resistência dos negros maranhenses, uma cultura popular muito difundida no estado. A manifestação cultural foi trazida para o Brasil entre os séculos XVIII e XIX por escravos de diversas regiões da África.

O Tambor de Crioula enquanto manifestação da cultura maranhense é realizado por homens e mulheres que são popularmente conhecidos no meio como coreiros e coreiras (tocadores, cantores, dançarinas e serventes), envolve dança circular, coreografia, cântico(toadas)e percussão de instrumentos- tambores e matracas.

Outra característica a ser destacada retrata a vestimenta que é utilizada pelos brincantes, os trajes das mulheres é composto por saia bem estampada e bem rodada para que ela possa abrir quando a coreira girar, anágua por baixo da saia, blusa branca de renda, torso ou touca na cabeça, colares, pulseiras e brincos. Para os homens, calça, camisa de botão e chapéu de couro ou de palha.

A respeito da participação dos homens estes são geralmente responsáveis pelo toque dos tambores que promovem o som. Os tambores são feitos de madeira ou cano PVC, sendo que um dos seus lados é coberto com couro de animal (boi, veados, égua). Com relação as mulheres estas ficam responsáveis pela animação da roda e pela dança na qual é realizada um movimento coreográfico denominado de punga ou umbigada em que estas tocam o ventre uma das outras significando o cumprimento ou saudação entre as coreiras na roda de tambor.

Cabe ressaltar que em algumas localidades do Maranhão a dança do tambor de crioula é executada pelos homens, como é possível se verificar no município de Rosário-Ma, assim como, o toque dos instrumentos formados pelo conjunto de aparelha Tambor grande, Meião, Crivador e matraca já vem sendo realizado também pelas mulheres, uma ação que até pouco tempo era executada somente pelos homens.

A festa do Tambor de Crioula não tem uma época fixa para ser realizada, podendo esta ocorrer em qualquer local (praças, centro culturais, no interior dos terreiros) e datas como em período carnavalesco, em festas de São João e principalmente em virtude do pagamento de promessas a São Benedito em que boa parte dos brincantes são devotos, prestam homenagem e o consideram como protetor do tambor de crioula.

De acordo com a Secretaria de Cultura do Estado do Maranhão-SECMA, até 1978 havia menos de vinte grupos de tambor de crioula na cidade de São Luís-Ma, porém, na medida em que ia ocorrendo o fluxo migratório populacional do interior do estado em direção à capital, novos grupos foram surgindo e atualmente existem mais de duzentos grupos de tambor de crioula pertencentes tanto na capital como no interior do estado.

Dentre os grupos formados cita-se o Grupo de Tambor de Crioula Raízes Africanas de Central do Maranhão que possui o certificado de mérito cultural emitido pelo Conselho Estadual de Cultura do Maranhão-CONSECMA, grupo fundado em 2005 e que tem como um dos seus objetivos preservar e valorizar a diversidade cultural do tambor de crioula na região da baixada maranhense. O referido grupo na busca por atingir seus objetivos vem ao longo da sua trajetória realizando oficinas na comunidade e intercâmbios através de apresentações em eventos culturais intermunicipais.

Fonte: Associação de Cultura Popular e Recreação de Central do Maranhão-ACPRCEMA.

O Tambor de Crioula foi reconhecido desde 2007 como Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), tendo o seu título revalidado no dia 31 de agosto de 2021, durante a 97ª reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural órgão colegiado de decisão máxima do IPHAN. Essa revalidação dos bens culturais registrados como patrimônio cultural ocorre durante a cada dez anos de acordo com o estabelecido em Decreto nº 3.551/2000.

Nesse sentido, ainda como forma de valorização da manifestação do tambor de crioula foi instituído por meio da Lei Municipal nº 4. 349 de 21 de junho de 2004 em São Luís-Ma , o dia 06 de setembro como o Dia Municipal do Tambor de Crioula. Já a Lei nº 13. 248 de 12 de janeiro de 2916 estabeleceu a data de 18 de junho como o Dia Nacional do Tambor de Crioula.

Para saber mais sobre estas e outras informações acesse:

https://clickmuseus.com.br/o-que-e-tambor-de-crioula/

https://www.palmares.gov.br/?p=37269

https://g1.globo.com/ma/maranhao/carnaval/2020/noticia/2020/02/19/tambor-de-crioula-a-tradicao-secular-que-se-mantem-viva-e-em-expansao.ghtml

Raymara Cantanhêde
Raymara Cantanhêde
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