Progresso, ah o progresso!

Progresso que traz movimento, riquezas, esperança, que faz surgir as grandes cidades com seus prédios e automóveis.

Automóveis com seus condutores apressados e, na grande maioria indiferente aos fantasmas no meio fio!

 

Fantasmas que correm em direção aos carros a cada mudança de sinal.

Esses fantasmas têm nome, FLANELINHAS.

Tem nome, mas não tem rosto!

 

Crianças e jovens que buscam nos sinais das avenidas uma forma de sobrevier.

Uma garrafa de água e uma flanela são suas ferramentas de trabalho, seu ganha pão.

 

Fecha o sinal, abre-se uma esperança.

Esperança de que alguém retribua com alguns trocados o seu para-brisa limpo.

 

Assim, é a vida dos flanelinhas, suas vidas passam junto com os automóveis!

Crianças e jovens esquecidos, invisíveis fazem parte da paisagem urbana, mas não são agradáveis aos olhos!

 

Diferente da cidade que cresce, prospera e se reinventa, esses fantasmas ali se mantêm.

Ano após ano, nada muda, a vida não lhes permitiu mudar.

Estão presos no sistema que os criou!

 

Os flanelinhas meninos crescem e se tornam adultos flanelinhas.

Se eles têm sonhos não sabemos.

De onde eles vêm e para onde sonham ir?

Não nos interessa saber, são apenas parte da paisagem, vultos que correm para os carros.

 

Recebem desprezo de muitos, as vezes uns trocados de poucos!

São frutos do sistema, da indiferença!

Flanelas tremulando nos para-brisas do progresso.

Rosamaria Xavier
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