A cultura japonesa distribui-se ao redor do mundo de maneira impressionante, principalmente com o advento de suas animações, os animes, que são uma febre entre pessoas de todas as idades. Contudo, elas surgem geralmente oriundas dos mangás: quadrinhos animados, porém impressos em escalas preto e branco, e com uma leitura feita de forma inversa ao do Ocidente, iniciando-se da direita para a esquerda. Em alguns casos, podem ocorrer o oposto: os animes viram mangás.
Editoras como a JBC e Panini, comercializam suas vendas no Brasil de forma recorrente, buscando sempre os mais populares entre o público… Mas, como saber sobre essa popularidade? A reposta é simples: as redes sociais são uma base importante nesse quesito. As famosas “hashtags”, utilizadas principalmente no Twitter e no Instagram, viabilizam uma pesquisa de mercado eficaz. O consumo dos mangás torna-se em geral uma prática de colecionadores e, com certeza, agrega na leitura de seu público.
A disponibilização desses quadrinhos dá-se também por meio virtual, os chamados web mangá, encontrados em diversos sites que fazem a tradução do japonês para a língua de seu respectivo país, tornando acessível e de maneira prática, acaba-se por constituir uma base de leitura.
Ranganathan, em uma de suas leis da Biblioteconomia, explana sobre: para cada leitor, seu livro. Acredito que o mangá torna-se um propulsor de leituras para aqueles que ainda não se arriscaram em outras obras literárias. Ter uma transição mais demorada para as chamadas literaturas clássicas ou acadêmicas não é errôneo, ao contrário: a leitura deve ser algo prazeroso e significativo, e é certeza que o mangá ensina lições valiosas em seus mais diversos gêneros. Dentre eles, citarei os três mais conhecidos:
Shoujo, voltado para a leitura das meninas por envolver um cenário de romances – geralmente no ambiente escolar. Em “Omoi Omoware Furi Furare”, uma das protagonistas vai em busca das revelações do primeiro amor, e talvez uma linda assimilação do que poderia ser o seu príncipe encantado, porém de um jeito diferente e realista.
Só que o shoujo não se trata apenas de romance. Em si, envolve outras tramas, como por exemplo “Koe no Katachi”, que se ensina sobre a dificuldade de adaptação de uma garota surda e muda no contexto estudantil, além de envolver grandes desafios da vida em relação ao futuro incerto. E no mangá “Orange”, contém também o gênero “Slice of Life” – que é basicamente sobre o cotidiano, e mostra o quanto amigos podem fazer uma imensa diferença na vida, ainda mais em suas fases mais difíceis.
"A amizade reside em algum lugar fora do alcance de coisas como palavras e lógica." - Koe No Katachi.
O Shounen, que tinha como intuito atingir o público masculino, dentre os 10 aos 18 anos, devido ao seu imenso sucesso, agora é um mero detalhe: o seu foco envolve a importância da amizade. No Japão é algo apreciado e valioso, e mangás como o de “Naruto”, “Boku no Hero”, entre outros, transmitem esses ensinamentos e sentimentos que fazem parte dos japoneses, além da superação de obstáculos.
E o Seinen, que é um gênero mais adulto, possui histórias que envolvem tramas mais fortes e até sombrias, como “Death Note”, onde o jovem Yagami encontra um caderno capaz de matar em minutos, a pessoa cujo nome ele escreve em suas páginas.
A saída da estagnação literária pode estar presente em vários meios de leitura, sem necessidade de julgamento ou pressa para transformações que são impostas conforme certo momento da vida. Devemos nos lembrar que a arte de ler envolve o objetivo de ampliar o conhecimento através de assuntos diversificados e manter um raciocínio ativo. Com isto, aprecie a obra do mangá e a sua importância, assim como ele aprecia a grande importância de seus leitores.
- O Mangá como incentivo à Leitura - 04/10/2020