O preconceito tem as mais variadas facetas, seja ele referente a etnia ou gênero mas, um dos existentes e pouco comentado é o literário. O problema tem seu início a partir do momento em que temos uma opinião precipitada a respeito de um assunto ou até mesmo devido a não estar de acordo com o que estamos acostumados. Caso esteja se indagando o porquê desse tema, irei lhe responder com um fato: no Brasil, de acordo com um artigo da AgênciaBrasil além da porcentagem de leitores ser relativamente baixa, a mesma sofreu uma queda de 52% em 2020. Preocupante, não? Dentre todos os motivos possíveis para essa situação, resolvi trazer o viés do preconceito existente no universo da literatura entre as pessoas.
Para falar sobre essa temática resolvi entrevistar duas leitoras assíduas com suas respectivas jornadas, a primeira é a docente Drª Claudia Maria Pinho de Abreu Pecegueiro do Departamento de Biblioteconomia da UFMA e a segunda é a discente Nicóle Lima Araujo – idem o curso.
Você acredita que o preconceito literário prejudica na formação de novos leitores?
Claudia: “Acredito que o pré conceito é um empecilho para todas as ações, inclusive para a literatura. Mas, otimista que sou, penso que isso está mudando.”
Nicóle: “Consideravelmente, essa dinâmica social preconceituosa é vista não somente nas distinções de classes, mas também, nas diferentes gerações e suas ideias de “boa” literatura.”
Como você acha que a temática poderia ser resolvida?
Claudia: “Com muita discussão. Sou dá teoria que em um diálogo, quando ambas as partes estão dispostas a ouvir e entender o outro isso pode mudar. Não acho que atitudes ativistas com bandeiras, apitos e enfrentamento adiante muita coisa. Em alguns casos é até necessário para se fazer conhecer, mas depois tem que vir o diálogo; dialógo com respeito, só assim de avança na questão do preconceito.”
Nicóle: “Tudo se pode resolver através do velho e bom diálogo, ou até mesmo, por intermédio da discussão literária. Romper a utopia de que existe um tipo de literatura superior a outra, é fundamental para o fim dessa problemática.”
(Para cego ver: Do lado esquerdo a obra “O duque e eu” da escritora aclamada na atualidade, Julia Quinn e ao lado “Agonia da noite” do ilustre Jorge Amado.)
Caro leitor, não é a toa que uma das cinco leis de Ranganathan que regem a Biblioteconomia diz: Para cada livro o seu leitor. O preconceito literário pode ser percebido a partir do momento em que você acha um determinado gênero superior ao de alguém, quando está com um conceito pré estabelecido a respeito de um determinado assunto, que não tem empatia com os outros. Outrora, como as entrevistadas deixaram claro, o diálogo é a chave para a solução da problemática. E, se alguém que você conheça preferir um romance de época escrito na atualidade, ao invés de uma obra clássica da literatura, tenha empatia antes de formular uma opinião. No mais, cada leitura é válida, e só iremos mostrar as pessoas o quão maravilhoso é ser um leitor, se deixarmos elas confortáveis e incentiva-las para escolherem o que quiserem.
“Os livros não mudam o mundo, quem muda o mundo são as pessoas. Os livros só mudam as pessoas.” (Mario Quintana)
Temática estritamente importante, com uma ótima escritora!!!
Temática abortada incrivelmente perfeita! Parabéns, Nayane, pela competência no trabalho.