Mãos que falam

Todo processo histórico conta com diversas convergências, e o que temos hoje como resultado de uma militância histórica para a ocupação de um espaço social de um determinado grupo foi fruto de um processo árduo de muitas lutas vencidas e muitas perdidas. Hoje, pontua-se três grandes momentos no que diz respeito a educação da pessoa surda, o primeiro momento aconteceu há muito tempo atrás, por volta da segunda metade do século XVIII, o que chamamos de “Oralismo“, e nesse momento, as pessoas pensavam que o desenvolvimento da linguagem era proporcional à fala, ou seja, que as pessoas se expressassem oralmente, portanto, os surdos eram encarados como pessoas que não conseguiam pensar, ou atingir níveis abstratos de pensamento, logo, as crianças e a comunidade surda em geral eram obrigadas a usar as metodologias voltada à língua oral através do processo de oralização e isso marca um enorme retrocesso no que diz respeito ao processo educacional dos surdos.

O Oralismo se estendeu durante muito tempo e percebeu-se o fracasso da metodologia por diversos motivos, passava-se os anos e os surdos só aprendiam poucas palavras e palavras soltas impedindo o diálogo, diante disso, surge o um segundo momento que chamamos de “Comunicação Total” neste momento, o ensino abrangia qualquer tipo de linguagem e mecanismos que auxiliassem o ensino da pessoa surda, sem uma sistemática que envolvesse as características de uma língua, a comunicação entre esses professores e a pessoa surda ainda apresentava falhas, a utilização de gestos e mímicas fizeram com que muita das vezes a comunicação fosse fadada ao fracasso. A tentativa da utilização do oralismo com os sinais nas aulas muita vezes se tornava ainda mais confuso, a exemplo disso, os professores eram filmados fazendo uso das metodologias da comunicação total e tiravam os áudios e não conseguiam entender nada. E assim, percebeu-se que faltava um incentivo real para que o surdo atingisse uma esfera mais abstrata de conhecimento.

Diante de tantas falhas e retrocessos na educação da pessoa surda surge o terceiro momento que chamamos de “Bilinguismo“, o surgimento dessa nova metodologia de ensino não surge à toa, houve todo um processo de pesquisas aplicadas visando melhoria e inclusão nesses sistemas educativos. Através das pesquisas, percebeu-se que a língua tinham estruturas próprias assim como a língua oral, o bilinguismo é o modelo mais adequado uma vez que ele compreende os aspectos que são únicos da língua visual.

Todo esse trajeto foi marcado por muita luta e perseverança, sabe-se que até mesmos nos dias hoje a comunidade surda enfrenta diversas problemáticas sociais, e isso implica em mais luta e a necessidade da representatividade. O portal INES (Instituto Nacional de Educação dos Surdos) conta com a promoção da produção, desenvolvimento e divulgação nacional de conhecimento tecnológicos e científicos sobre a surdez. Ainda é distorcido as questões de inclusão quando se trata da pessoa com surdez mas estaremos aqui para reivindicar os direitos.

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