Parasita: a obra coreana que trouxe à tona não só crítica ao sistema classista, mas a outro problema que há muito era ignorado.

fonte: Martin Lopes no pexels

Indicada ao Oscar de 2020 nas categorias de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro, e respectivamente ganhadora destas, a obra retratada pelo cineasta e roteirista sul-coreano Bong Joon-Ho , mostra de maneira intrínseca o esquema bem planejado de uma família pobre (os Kim) que se infiltra em uma família rica (os Park), para conseguir trabalho. A forma que eles manipulam e entram na família pode até ser associada a um parasita que adentra um corpo humano sem ser percebido. Entretanto, em um certo ponto do filme essas manipulações levam a família Kim a um cenário nada agradável.

fonte: jovemnerd.com.br/posteres -de-parasita

De uma visão geral, o filme busca de maneira paralela, escancarar como as diferenças de classes são exacerbadamente nítidas, um bom exemplo seria a cena em que a família “impostora” se diverte na casa, porém recebem uma chamada da patroa da governanta, vulgo a mãe dessa família, e a mesma era avisada de que a patroa e a família estavam voltando para casa, por conta de uma mudança climática repentina. O ponto é, desta mudança acaba caindo um temporal incontrolável, e após demorarem para conseguir sair da casa sem serem descobertos, os três (o pai, que se tornara o novo motorista, a filha que se tornara uma tutora de artes do filho mais novo da família (Park) e o filho mais velho que virou o professor de inglês da irmã do mais novo citado) seguem em meio ao temporal para sua casa original, que fica numa espécie de de porão da cidade, pois eles precisavam descer varias escadas e ladeiras, justamente dando ênfase ao paralelo de que “os ricos estão sempre acima, enquanto os pobres permeassem abaixo”. Embora seja possível extrair várias e várias metáforas e críticas, não foi apenas isso que o filme despertou no público geral, afinal trata-se se uma obra estrangeira, cujo o idioma falado não é o inglês.

fonte: revistacult.uol.com/ imagem (Divulgação)

E o que torna isto tão impactante, é o triste fato de que, a xenofobia ainda é tão enraizada nas culturais ocidentais. Um filme em outro idioma (coreano) serviu como pretexto para julgamento geral, isto levando em conta que algumas mídias que fizeram as criticas eram predominantemente brancas, britânicas ou americanas. O que acontece é, haviam inúmeros comentários maldosos citando apenas que possuíam “dificuldade” de entender o filme pois o mesmo era “legendado”, deixando claro que muitos estão limitados a seu próprio nicho.

Ainda nesse tópico, o próprio diretor em seu discurso de agradecimento falou apenas em coreano (seu idioma), o que para muitos poderia ser algo comum, porém exaltava que mesmo ciente de como a mídia Ocidental contribui para essa disseminação sútil do preconceito, ele orgulhosamente espargiu sua cultura e com isto abriu ainda mas oportunidades para as obras de seu país. Além disso, incentivou o aprendizado de seu idioma, pois amantes da língua se viram ainda mais motivados à buscar entendimento integro.

nathaly
nathaly
Artigos: 1

Um comentário

  1. Uma temática muito interessante, que nos faz refletir e claro muito bem escrito. Parabéns pelo post! 🙂

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *